Como pensar em uma verdadeira integração dos refugiados considerando-se as vivências traumáticas dessas pessoas?
O deslocamento forçado é um desafio global crescente. Em 2022, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) registrou um novo recorde: 100 milhões de pessoas foram obrigadas a fugir por causa de guerras, conflitos e perseguições. Muitas vêm da Síria, um país que, desde 2011, enfrenta uma violenta guerra civil. São migrantes que, em meio a um movimento compulsório e frequentemente traumático, lutam para preservar suas vidas e resgatar as próprias identidades.
Neste contexto, qual é o papel da memória? Este livro investiga o trabalho de refugiados sírios para se adaptarem à sociedade brasileira, e de que modo as lembranças atuam nesse processo. Afinal, como não sentir saudades do pão árabe ao comer um pãozinho francês? Recordar do clima seco de Damasco ao passar dias sob a chuva de São Paulo? Ou seja, como retomar o cotidiano, sem que essas reminiscências se tornem fonte de novos traumas?
Ao traçar este caminho, parte-se da compreensão de um modelo de integração transnacional e multifacetado, e da indispensabilidade de um tratamento de acolhida o mais humanitário quanto possível.