Conto uma história comum. Sem grandes feitos pessoais, porém sem o arrependimento dos que, além de mudarem de lado, renegaram suas origens na esquerda. [...] Gente que, de acordo com suas possibilidades, resistiu à ditadura da direita exercida pelos militares e teve de vencer o medo da repressão que prendeu, torturou e matou tantos patriotas. Gente que, depois, resistiu ao neoliberalismo civil e enfrentou a repressão ideológica do pensamento único da globalização, que capturou vários egressos da esquerda. [...] Escrevo na primeira pessoa, pois conto o que vi e como entendi as coisas. Falo, portanto, de mim mesmo, como um espelho refletindo o que acontecia à minha volta. Reconheço que nesta reflexão pode haver distorção, tal como nos espelhos curvos. Entretanto, embora pessoal, o livro pretende ser de memórias políticas, colocando nos dois pratos da balança as derrotas da esquerda, de um lado, e as vitórias, de outro. Como predominam as derrotas, pensei em chamá-lo Memórias de um derrotado. Mudei de ideia, não para esconder o sentimento de derrota, mas porque mantenho a esperança.”
Luiz Pinguelli Rosa"