Esse é meu terceiro livro publicado, após Ensaio literário e sociológico de O Cortiço e Soneteando de A a Z; de 1 a 0 (poesias comentadas) e das minhas participações em várias antologias de poesias, contos e crônicas da Scortecci Editora. Em Ensaio literário e sociológico de O Cortiço busquei relacionar Literatura com Sociologia, a primeira por ser “[...] a vida, parte da vida, não se admitindo que possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens, ‘a todas as mulheres’ e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana” (Afrânio Coutinho) e a segunda por se inserir como a “ciência que estuda a sociedade e os fenômenos que nela ocorrem sejam eles culturais, econômicos, religiosos” (pela Professora Juliana Bezerra). Ambas se identificam com a obra O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Tendo como cenário uma habitação coletiva, o romance difunde as teses realistas-naturalistas, que explicam o comportamento dos personagens com base na influência do meio, da raça, do momento histórico e das mazelas humanas. “Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de tão inovador. Ao ler uma obra naturalista, tem-se a impressão de se estar a ler uma obra contemporânea, que acabou de ser escrita. Os naturalistas acreditavam que o indivíduo é um mero produto da hereditariedade e o seu comportamento é fruto da educação e do meio em que vive e sobre o qual age.” Em Soneteando de A a Z; de 1 a 0 (poesias comentadas) aproveitei a estrutura do soneto italiano ou petrarquiano para compor (e não o soneto inglês ou shakespeariano – três quartetos e um dístico, ou soneto monostrófico – que apresenta uma única estrofe de 14 versos). Ele se molda em dois quartetos e dois tercetos com um espaço entre cada um deles ou as estrofes. Os quartetos são compostos por quatro versos e os tercetos por três versos dispostos uns sobre os outros de forma vertical. A novidade é que, além dos comentários, a semântica das poesias molda-se em conceitos da literatura pós-moderna, com temas variados, sem se preocupar com as sílabas métricas por verso, cognominadas como decassílabos. Enveredando pelo campo da narrativa em Memórias de Um Viajante no Tempo (relatos de vida), em crônicas, procuro de forma simples, natural, falar da minha trajetória de vida, em momentos e em experiências individuais, familiares e comunitárias. Com isso, recupero pontos que consegui conceber como importantes e significativos. Nessas “histórias” contadas em vários episódios, digo em minha forma de ver o mundo que “eu”, outras pessoas, parentes, amigos e amigas, anônimos e anônimas, temos muito em comum e muito a oferecer.
Um certo dia você acorda e pensa: – Vou falar da história da minha vida, naquilo que for possível contar. Resumida, é claro, e que caiba nas páginas de um livro. Como vou falar, se sou uma pessoa anônima, desconhecida? O que as pessoas querem saber? Muitas querem saber as “fofocas”, principalmente. Histórias, histórias, muitas histórias. De umas que até têm suspenses, esquisitas, estranhas. Outras que dão vontade de sair correndo. Nossa, horrível! À época dessas memórias já se iam 40, que hoje somam 60 anos. Viviam-se momentos intensos. Buscavam-se sonhos. Rememoro aqui dois lindos pensamentos de John Lennon e de Yoko Ono. Ele disse: “Você pode dizer que sou um sonhador. Mas não sou o único. Eu espero que algum dia você junte-se a nós. E o mundo viverá como um só”. E ela: “Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade”. As pegadas, os passos da minha trajetória incluíram muita gente. Gente simples, do povo. Parentes, amigos, amigas, desconhecidos e desconhecidas até. E até alguns, algumas que estavam na “crista da onda”. Não importa, faz parte de tudo