MEMÓRIA DOS TRÓPICOS”, livro do Embaixador Miguel Gustavo de Paiva Torres, conta pequenas agradabilíssimas histórias, e divertidos casos de quando serviu como diplomata em África e Cuba.

Como o título sugere, não há obscuridades em seu texto, são claros como o sol tropical e o céu que o abriga; não há água turva em seu regato de palavras que são propositalmente transparentes e nitidamente translúcidas para deixar ver o leito de areias moventes onde fluem, para mostrar toda riqueza da vida que nelas há. Mas não pensem que essa leveza no relato significa superficialidade! Pelo contrário, é profundamente verdadeiro e, em respeito ao leitor, isento de discurso ideológico de qualquer matiz que vise conduzir o leitor, como se o leitor fosse destituído de discernimento para construir sua própria visão de mundo. Miguel, sabiamente, se contenta em contar de forma reta e direta suas experiências pessoais. Cabe a cada um que as leia tirar suas próprias conclusões. Outro aspecto a ser levado em conta é que seu olhar não é o mesmo de um turista que faz relatos de viagem. É a visão de uma pessoa que viveu nos países onde serviu, teve contato com o dia a dia da população local, com os costumes e características que marcam cada povo. Apesar de tratar-se de um profissional com

formação para interpretar e compreender os ângulos mais sutis da cultura e da política de cada país, para poder, com mais eficiência, atuar nas relações entre nosso povo e os outros povos, não esperem encontrar um manual de usos e técnicas para o melhor desempenho de suas funções. Vão encontrar sim, – e é o que mais me encanta no livro – não a descrição de manobras e artifícios diplomáticos, mas

uma série de relatos pessoais e humanos, descritos com coração e mente abertos, sobre o que viu, ouviu e sentiu, sem se deixar contaminar por juízos tendenciosos de verdades ou valores prontos. São memórias saudosas de experiências de uma vida: a de um ser humano chamado Miguel Gustavo de Paiva Torres."