Sem nunca deixar de ser um romântico, apesar da eventual tonalidade moderna e modernista de sua poesia, Ribeiro Couto foi o poeta da província, das pequenas cidades espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, silenciosas, das casas misteriosas, dos quintais com goiabeiras magras e pés de chuchu trepando pelos galhos, dos domingos onde nada acontece, dos crepúsculos ao som do sino, das vidas obscuras.Nascido em Santos (1898), Rui Ribeiro Couto cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, que não concluiu, formando-se pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro. Jornalista, promotor público em São Paulo e em Minas Gerais, ingressou na diplomacia em 1934, servindo em diversos países da Europa, num exílio que se refletiria em sua poesia, com uma nota de acentuado saudosismo.Nos primeiros livros - O Jardim das Confidências e Poemetos de Ternura e de Melancolia -, o poeta parece um tanto temeroso de se atirar à vida, vista através de uma certa penumbra, que se dissolve nos livros seguintes. Sem violentar a sua sensibilidade, o poeta integra-se ao mundo - Um Homem na Multidão (1926) - consciente do valor da "experiência vivida".A experiência vivida pelo poeta, então, era amarga. Tuberculoso, passa dois anos em Campos de Jordão, vagueia pelas cidades mortas do Vale do Paraíba, ambientes que se refletem em Província (1933). Homem do mundo, diplomata, vivendo nas civilizadas cidades europeias, Ribeiro Couto se volta, singularmente, e cada vez mais, para a simplicidade e a nostalgia, o mundo perdido da infância, o lirismo das modinhas populares, que marcam os seus livros da maturidade, Cancioneiro do Ausente (1943), Entre Mar e Rio (1952), Longe (1961). Como observa José Almino, "poetas como ele não tiveram muita influência nem deixaram linhagem. Mas são pontos luminosos. Inapagáveis".