Neste ano, quando Luís Martins completaria 110 anos de idade, a Global Editora traz um material riquíssimo do autor que se consagrou como um símbolo da crônica paulistana. O livro Melhores crônicas Luís Martins parece neste momento de celebração como uma joia no que tange à produção deste escritor que, de 1951 a 1980, contribuiu com sua prosa para o jornal O Estado de S. Paulo, totalizando ao menos 7.000 crônicas, como bem pontua Ana Luisa Martins, sua filha, que assina o prefácio e a seleção desta edição.As crônicas de Luís Martins, como este livro permite ver, suplantavam o ambiente da cidade de São Paulo, espraiando-se para outras dimensões, tocando com leveza e ironia acontecimentos para além da capital paulistana e os principais dilemas humanos, como é a marca natural dos cronistas de primeira linha. Outro traço das crônicas é a perenidade e relevância dos temas, que o autor aborda com facilidade e agilidade da escrita. A maneira envolvente pela qual Luís Martins comenta desde a visita de algum estrangeiro ao Brasil até detalhes banais de seu cotidiano familiar nos conduz a um universo de empatia que nos indica que não estamos sozinhos em nossos espantos, incertezas e sonhos. Luís Martins teve um longo relacionamento com a pintora Tarsila do Amaral, autora da obra (São Paulo, 1924) reproduzida na capa do livro. A Global Editora publicou, da mesma organizadora, a obra Aí vai meu coração, contendo cartas de Tarsila do Amaral e de Anna Maria Martins para Luís Martins, além de memórias de Ana Luisa sobre o relacionamento dos envolvidos.