O número 174 marca mais do que um túmulo: é o compasso de uma maldição que atravessa gerações. Nascido da morte da mãe e da obsessão do pai, Luiz Eduardo cresce cercado pelo silêncio de uma fazenda onde as paredes parecem respirar culpa. O patriarca Adamastor, homem moldado pela ânsia de poder e domínio, ergue um mausoléu monumental para aprisionar o corpo e o símbolo da mulher que destruiu em nome do amor — Maria Eugênia. Décadas depois, o filho retorna para enfrentar o legado de pedra e de sombra. Ao lado de Ramona e Lídia — as guardiãs da memória e do sagrado feminino —, descobre que o mausoléu é mais do que construção física: é o espelho de uma estrutura ancestral, erguida sobre o colonialismo, o patriarcado e o silêncio. O número 174 — um ano, sete meses e quatro dias — é o tempo exato de um casamento que se converteu em prisão, e também o tempo simbólico da transformação que conduz da morte à libertação. Mausoléu 174 é um romance psicológico e trágico, em que o amor e o poder se confundem até a ruína. Entre confissões, cartas e revelações, a obra transforma o trauma em palavra, o silêncio em testemunho, a pedra em jardim. Um rito literário sobre a herança da violência e a redenção possível apenas pela verdade — aquela que não absolve nem condena, mas revela.