Maternandas da Terra é uma obra com as marcas da ternura e do vigor, da força e da delicadeza, do compromisso e da transgressão, do som e do silêncio, do sempre e do instante, do isso e do algo mais. Vinte e sete crônicas, vinte e sete mulheres narradas! Cada uma delas – como todas as demais pessoas que geram e cuidam do amor -, é capaz de irromper com força na psique. Isto capacita o autor a revisitá-las no sopro dos ventos, nas pequenas alegrias cotidianas que adoçam os outonos, nos ecos sutis que ainda ressoam pelos caminhos da vida, nos vínculos de sangue e de afeto, no grito libertário que protesta contra a opressão, a exclusão, as desigualdades e o apodrecimento da dignidade!
Ele, o autor, no enigmático paradoxo de sua física condição visual, toca poeticamente em meus olhos com as palavras de sua alma, dizendo-me: éfeta, abre-te! Sim, enxerga com os teus próprios olhos que elas são vinte e sete, e muito mais. São um número incontável, que vieram da grande tribulação. São filhas da terra, porque em seus corpos entranhou-se a "irmã e mãe terra"; são húmus, que tornou férteis os terrenos, para que muitos pudessem nascer, crescer, frutificar; são carismas, que tão apropriadamente teceram e tingiram o hábito espiritual do autor na cor da argila.
Agora, vejo melhor. Elas estão todas em nós! Partem, mas ficam; despedem-se, mas diuturnamente nos acenam! São como que um amanhecer, um lusco-fusco que não cabe nem na noite e nem no dia. Não cabem sequer nas palavras, porque o ser é mais que o falar, o sentir e o agir. E isso, em nossa intimidade, tece uma humilde e convicta constatação: - Não morrerão, jamais! Apenas, repousam no amor e na textura de que somos feitos. É um pouco disto que nos diz Frei Luiz Pinheiro Sampaio, este frade-poeta! Quem lê a sua vida, a sua alma e as suas obras, passa a enxergar diferente! Simples, assim.
Prof. Dr. Wolmir Therezio Amado