O cenário onde as organizações do trabalho são estereotipadas como um espaço eminentemente masculino aguça o nosso interesse sobre a questão de como a minoria feminina que alcançou cargos de liderança exerce esse papel e se percebe como líderes, e como se diferenciam com relação aos homens, o que leva ao controvertido tema sobre a existência de diferenças de estilos de liderança entre os gêneros. Nesta obra, busco compreender como se manifestam os estereótipos de masculinidade e feminilidade entre os líderes, os significados atribuídos à liderança sob a lente do gênero e os atributos considerados pertinentes às lideranças masculina e feminina. Os estereótipos de liderança engendrados na organização pesquisada estão associados à expressividade e à instrumentalidade, mas esses atributos não estão localizados no âmbito da feminilidade e da masculinidade, respectivamente. São subjetivações que não implicam uma posse, mas uma produção incessante que acontece a partir dos encontros vivenciados com o outro. Mesmo que uma minoria dos gestores se reporte à heteronormatividade dos papéis de gênero na liderança, a maioria reporta-se a uma concepção andrógina que concerne a níveis ou campos variados. Esta androginia, apesar de ser localmente situada, apresenta pontos comuns referentes à multidimensionalidade dos papéis de gênero, no tocante à análise dos conceitos de masculinidade e feminilidade, que possibilita uma variedade de comportamentos individuais por parte do homem e da mulher.