O livro apresenta como tema o acolhimento institucional de crianças e adolescentes através da problematização em relação aos marcadores sociais de desigualdade, raça, gênero e pobreza. O cotidiano de trabalho em uma Vara da Infância, da Juventude e do Idoso trouxe questões que levaram a alguns questionamentos, tais como: por que as famílias que têm filhos acolhidos em instituições são em sua maioria negras, pobres e com a mulher como única figura responsável? Quais as lógicas de poder que fazem ter sempre o mesmo público como alvo de questionamentos, intervenções e vigilâncias em relação ao cuidado com os filhos? Através das análises do cotidiano de trabalho associadas a autores que discutem racismo, sexismo e desigualdade social, foi possível entender que há um processo histórico que leva determinadas famílias às condições de precariedade e de questionamento em relação ao cuidado com os filhos. Também foi utilizada a literatura que colaborou na produção das análises através do diálogo com as obras de Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo. É fundamental compreender que as relações raciais estabelecidas são determinantes para definir uma diferenciação entre as infâncias no país. Tais análises são importantes para profissionais que integram a rede de garantia de direitos de crianças e adolescentes, pois um olhar atento à estrutura social faz com que as avaliações sejam menos excludentes.