O livro de Fábio Bento é uma importante contribuição à compreensão de um dos mais relevantes movimentos revolucionários na história da América Latina: as insurreições populares na Nicarágua e El Salvador. A singularidade destes movimentos decorre do seguinte: é a primeira vez, desde a Queda da Bastilha, em 1789, que um processo revolucionário conta com a participação massiva dos cristãos, inclusive na direção da luta. Um acontecimento destas proporções exige uma reflexão renovada sobre o que significa "religião", sua relação com a luta de classes, e, de forma mais específica, o que mudou com o aparecimento da Teologia da Libertação - questões discutidas, de forma muito esclarecedora, no primeiro capítulo do livro. Aparece aqui uma forma de religião que, longe de ser um "ópio do povo", atua como um toque de sinos que desperta o povo para a luta. Para muitos marxistas - entre os quais o autor deste prefácio – os movimentos revolucionários da América Central foram o principal incentivo para uma reavaliação da concepção materialista histórica da religião. (Michael Löwy)