Mármores (1898) é uma das obras representativas de Francisca Júlia da Silva, escritora brasileira que explorou com sensibilidade as nuances da alma feminina e os conflitos do cotidiano urbano e social do final do século XIX. A obra reflete uma visão estética e moral que combina introspecção, delicadeza e análise crítica das relações humanas, mostrando como a sensibilidade se confronta com as pressões da sociedade.
O livro é composto por uma série de narrativas curtas e reflexões em prosa poética, nas quais se destacam temas como o amor, a memória, a perda e a idealização da beleza, tanto humana quanto artística. Francisca Júlia descreve com detalhamento minucioso os sentimentos de seus personagens, revelando conflitos internos e dilemas existenciais. A autora também reflete sobre o papel da mulher na sociedade, abordando questões de moralidade, educação e expectativas sociais, sempre com sutileza e refinamento estilístico.
Mais do que uma simples coleção de histórias ou ensaios, Mármores constitui um verdadeiro retrato da sensibilidade feminina e das tensões entre emoção e razão. O estilo conciso, elegante e poético da autora, aliado à capacidade de observar com profundidade a natureza humana, transforma cada narrativa em uma reflexão estética e moral, na qual a vida cotidiana se torna matéria de arte e introspecção
Francisca Júlia da Silva (1864–1939) foi uma das primeiras escritoras brasileiras a se destacar pelo cultivo de uma prosa literária sofisticada e sensível. Sua obra influenciou a literatura feminina da virada do século XIX para o XX, oferecendo uma perspectiva introspectiva sobre o comportamento humano e a sociedade urbana, e estabelecendo um legado de sutileza e refinamento na narrativa brasileira.