"O tempo não respeita a formosura […]
Que belezas, Marília, floresceram
De quem nem sequer temos a memória!
Só podem conservar um nome eterno
Os versos, ou a história.
Se não houvesse Tasso, nem Petrarca
Por mais que qualquer delas fosse linda,
Já não sabia o mundo se existiram
Nem Laura, nem Clorinda"
(Marília de Dirceu, Tomás Antônio Gonzaga)
Com essas palavras, Dirceu, persona construída por Tomás Antônio Gonzaga em Marília de Dirceu, dirige-se a Marília, a persona da sua musa. Muitos a viram encarnada e historicamente definida como Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, donzela com quem o citado poeta e também ex-ouvidor de Vila Rica estava prestes a se casar, às vésperas do desfecho trágico da Inconfidência Mineira, isto é, sua descoberta pelas autoridades régias.
Este livro lança luz sobre a mulher Maria Doroteia, em sua trajetória posterior à repressão à Inconfidência, em sua "pequena pátria", a Capitania e, depois, Província de Minas Gerais. Este livro, enfim, redime-nos da responsabilidade do silenciamento e apagamento da história de uma mulher notável por aquilo que a irmanava a tantas outras mulheres anônimas. Notável por ser a Marília com quem sempre sonhamos!
Luiz Carlos Villalta