O livro tem por finalidade compreender a função desempenhada por Maria de Araújo na origem da religiosidade de Juazeiro do Norte a partir do Milagre da Hóstia por ela protagonizado. Um fato extraordinário que, na segunda metade do século XIX, transforma o pequeno povoado de Juazeiro, situado no sul do Estado do Ceará. A hóstia consagrada, que para os católicos é o corpo de Cristo, se transformava em sangue na boca de uma mulher, Beata, pobre, negra e analfabeta, invertendo a ordem vigente naquele período que afirmava não haver comunicação com Deus fora da hierarquia da Igreja. O fato instaura uma dinâmica de poder e uma disputa pelos bens simbólicos entre um poder paralelo, associado à origem da religiosidade regional e um poder institucionalizado na Igreja do Padre Cícero. Busca-se, ainda, identificar a importância e o desempenho de Maria de Araújo num contexto em que tira de cena a figura da Beata, ficando o Padre Cícero como protagonista dos acontecimentos.