"Quantas peles habitamos numa mesma vida? Quantos corpos já passaram pelo meu ou nos carregaram nos seus? Quantos abortos sofremos até parir a nós mesmas?" Manifesto crisálida é uma obra autobiográfica que revela metamorfoses de uma mulher que ousa existir a seus termos. Ora deixando-se atravessar pela vida, ora se debatendo com as heranças de uma sociedade machista, contraditória e dispersa. A cada capítulo, a autobiografia de Morena Cardoso (@danzamedicina) desfaz superficialidades, aparências e hipocrisias, apontando para um lugar transmorfo, onde toda expressão genuína é incorruptível. A narrativa trata da importância dos ciclos, pulsões e inconstâncias do processo de matar a mulher adequada, para que a selvagem possa respirar. Acompanhando sua linha da vida, entendemos a importância dos ciclos, desfazemos alguns nós, mas acabamos encasulados à nossa própria tessitura. Nômade em seu corpo-território, ao se enunciar, a autora engravida o texto de percursos e paisagens que incitam a leitora a encontrar seus próprios movimentos.