O sonho de muitos escritores é conseguir alcançar, com o exercício do seu ofício, um estilo próprio, que os torne reconhecíveis logo nas primeiras linhas de qualquer um de seus textos. Marina Colasanti não precisou de tempo. Desde a publicação de seu primeiro livro infantojuvenil, demonstrava uma singularidade surpreendente que só fez reafirmar-se, ao longo de mais três décadas, com narrativas únicas, que ninguém mais poderia ter concebido e escrito dessa maneira. O resultado está nesta antologia Mais de 100 Histórias Maravilhosas, que reúne, pela primeira vez, todos os contos maravilhosos – também chamados contos de fadas – escritos e ilustrados pela autora. São nove livros em ordem cronológica e mais um inédito, o novíssimo Quando a Primavera Chegar. Nada nesses contos é previsível. Nem a linguagem, nem o conteúdo. Os contos de fadas de Marina – histórias mágicas, sensoriais, capazes de acolher qualquer leitor, inclusive as crianças – buscam nos territórios do maravilhoso, em cenários e personagens fantásticos, respostas às perguntas que continuam inquietando o indivíduo contemporâneo. São contos que acariciam ou que ferem, mas que sempre seduzem.
"As chuvas haviam terminado e as flores cresciam até debaixo das pedras, quando a tribo dela chegou. Outras tribos já estavam acampadas havia dias, com seus cavalos, suas carroças, suas tendas e seus filhos. Muitas ainda viriam para o encontro.
E este ano ela não era mais menina. Havia-se feito mulher.
Agora trazia um crisântemo pintado na palma da mão direita.
E no coração, o desejo de encontrar o homem a quem ofertá-lo."
(Quando a Primavera Chegar – Na Palma da Mão – Página 358)
Marina Colasanti é a ganhadora do 13º Prêmio Iberoamericano SM de Literatura Infantil e Juvenil, a ser concedido na Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara em 2017. Também concorre ao Hans Christian Andersen, a ser revelado na Feira do Livro de Bolonha de 2018.