Protagonista amoral revela entranhas da Espanha franquista em romance cheio de escárnio e deboche, inédito no Brasil
Madri 1940 se desenvolve em três planos: as supostas memórias de um jovem falangista debochado, um mapa da repressão dos primeiros anos do franquismo e a crônica de uma vida cultural em processo de desaparecimento. O enredo, marcado pelo escárnio e pela ironia, se desenrola logo depois da chegada de Franco ao poder ao fim da Guerra Civil espanhola e se estende até 1945, com o término da Segunda Guerra Mundial.
Mariano Armijo, narrador e protagonista, é um anti-herói perfeito: delator, ganancioso, carreirista, amoral, talvez psicopata. Embora partidário do fascismo, despreza Franco, por considerá-lo fraco e contemporizador demais em comparação a Adolf Hitler e Benito Mussolini. Mesmo assim, Armijo tenta ascender socialmente no cenário da vitória de Franco. As circunstâncias o empurram para o jornalismo, plataforma ideal para quem se presta anonimamente a ser dedo-duro. Seus alvos são os republicanos, vencidos na Guerra Civil, mas a "limpa" inclui também um rival literário. Armijo, além de mulherengo, revela-se necrófilo e pedófilo.