Macaíba é uma vila rodeada de palmeiras, com aparência de oásis. Nasceu ao acaso, depois de uma perda irreparável de Seu Calebe, personagem central que, paralisado pela culpa, manifestou grande capacidade de adaptação ao seu destino, criando condições para a instalação daquele lugar, que passou a recolher os desistentes da vida. Outros personagens chegam à vila, carregando suas dores anônimas, que não são abandonadas ou relegadas ao esquecimento, mas usadas como pilares de sustentação para a reconstrução individual e criação de laços de afeto e confiança mútua. Abel representa toda a magia e resiliência da vida circense; Estêvão expõe medos latentes de entrega afetiva; Rute e Davi, excluídos e marginalizados socialmente, sofrem um processo de fortalecimento, transformando-se nos pilares de sustentação da vila; Benjamim, um farmacêutico desastrado e encantador, traz aspectos inocentes de dependência emocional; Bernadete, retrato profundo do sofrimento em sua forma mais explícita, demonstra a possibilidade de reestruturação; as crianças trazem características de alegria e esperança. Macaíba não se prende aos padrões instituídos de tempo e espaço, não possuía características econômicas e sociais estruturadas, nem faz apologia à miséria e ao sofrimento, mas narra, com tons sutis de fábula, a capacidade de superação dos marginalizados pela sociedade, oferecendo elementos possíveis de transformação.