A obra Linguagem, sono e infância em perspectiva bakhtiniana, de Sulamita Fernandes, é um texto testemunhal da potência das discussões elencadas por Bakhtin e seus pares.
Nos primeiros capítulos, a autora apresenta as matrizes teóricas do trabalho e, logo em seguida, justifica a importância de uma investigação dessa natureza ao elencar aspectos relacionados às implicações da qualidade do sono como fator indispensável à saúde da criança. Depois, em um percurso que vai de uma discussão sobre a aquisição da linguagem até sua evolução, incluídos aí distúrbios específicos, fluência e alterações semântico-pragmáticas, o texto vai se encaminhando para discussões mais aprofundadas no que se refere às relações entre sono e linguagem, caso do capítulo 4. Já o estudo empírico, apresentado por meio de um interessante jogo verbo-visual, demonstra resultados que nos fazem refletir sobre o quanto ainda é preciso caminhar para que as crianças possam ter direito ao sono e, por consequência, direito à linguagem e à qualidade de vida.
A obra se constitui, então, enquanto leitura indispensável aos leitores interessados no tema, tanto aqueles mais vinculados ao universo acadêmico, já que o estudo foi realizado no âmbito de um curso de doutorado, quanto aqueles que, mesmo em outras esferas, desejam estar muito bem informados a respeito do assunto abordado pela autora por meio de uma articulação entre forma e conteúdo que consegue se comunicar com distintos públicos.