Em portugal, na transição da sociedade feudal para a sociedade de corte, a publicação de manuais de boa conduta conheceu grande impulso. Esta obra investiga a fundo o papel que tiveram tais manuais, redigidos por nobres e clérigos e destinados aos varões. Bem além de aconselhá-los quanto à conduta, talhavam modelos ideais do masculino, moldando o súdito e fiel apropriado a um regime absolutista apoiado na Igreja. Mostra-se como foram fundamentais nesse processo a valorização do matrimônio, que conteria o impulso dos homens destemperados, e a confissão penitencial, que propiciou a introjeção de novas práticas em seu comportamento. Sobretudo, revela que a adesão a esse processo de ordenação social não foi obtida por imposição, mas por um bem arquitetado trabalho de convencimento e persuasão.