O romance tem por figura central João, chamado também Marcos, respeitando parâmetros históricos conforme escritos de seu tempo, no primeiro século DC, e dos séculos seguintes.
Aborda o personagem em sua dimensão humana, num cotidiano místico, despindo-o dos papéis que iriam ser atribuídos a ele muitos anos depois de sua morte.
Uma ficção sobre o homem que habitou o personagem histórico, o qual, aliás, atrai controvérsias difíceis de serem esclarecidas, enquanto jamais se lhe negam proximidade com o centro dos acontecimentos importantes da época. Curiosamente, esta centralidade não deu a ele o mesmo fim que a tantos outros protagonistas seus contemporâneos, possibilitando um enquadramento equidistante dos poderes extremistas que se digladiavam, pressentidos pelo personagem fictício como expressões diferentes de uma só perversidade a permear as ações humanas.
Tal percepção, longe de ser imobilista, lança-o à ação equilibrada e permanentemente atenta às razões de cada ato, gerando nele o benefício da dúvida, virtude que de tempos em tempos é esquecida pela maioria de nós. É esta posição que garante a João sondar e inquirir sobre o futuro e, já velho, abraçado pelo conforto dos amigos granjeados, ausentar-se, elegendo o acaso como gerenciador dos destinos de sua obra.