Falar sobre a adolescência não é fácil. E provavelmente nunca será. Talvez porque as organizações sexuais infantis estão contidas na idade adulta, porque persistem seus elementos, mesmo que ressignificados por cada um de nós em novas estruturas. Talvez, também, porque estamos inseguros sobre quais formas efetivas podemos lançar mão para nos escrever como adultos na contemporaneidade. Fazemos isso, quem sabe, muito mais por impulso, meio que tateando o escuro, imaginando que estamos andando em linha reta apesar de correr o risco de parecermos perdidos em espirais sem rumo. Por isso mesmo acabamos nos equivocando tanto e, não raramente, evadimos esse posto.
A adolescência, cada dia mais, parece ser esse lugar que ao se mostrar "tão cheio de" teorias, apostas, pensamentos e ideais, reflete justamente o eterno vazio a ser preenchido que comporta. Esse momento no qual o sujeito necessita aprender a lidar com a impossibilidade de pronunciar aquilo que é por natureza indizível, mas que se apresenta no íntimo como indispensável de ser narrado.
E, se falar sobre a adolescência traz consigo as dificuldades elementares que acompanham esse termo, narrá-la no contexto escolar parece se tornar ainda mais sombreada e densa devido às variáveis que a acompanha.