Um retrato íntimo e nuançado de Martin Luther King Jr., nesta que é mais abrangente biografia já escrita sobre ele.
Martin Luther King Jr. é dos "pais fundadores" dos Estados Unidos. Essa ideia, que à primeira vista pode soar excêntrica, ganha consistência — e se torna até tímida — com a leitura desta biografia, fruto de pesquisa exaustiva e baseada em arquivos do FBI só agora liberados pela Casa Branca. Aliás, podemos ir mais longe e ver King como um dos fundadores da própria democracia liberal moderna.
Neste livro, Jonathan Eig recusa a narrativa do herói determinado a lutar até a morte por justiça e liberdade e nos mostra King de perto: no recesso do lar, com a família e amigos; na sua intimidade, com suas dúvidas e atribulações mais pessoais; e em perspectiva, contra o pano de fundo de sua atuação política nacional e internacional. Assim, descobrimos que o equilíbrio emocional e a retidão moral projetados por sua figura pública contrastavam com distúrbios psíquicos, vícios mundanos e desvios de conduta na vida privada.
Em tempos de acirrada discussão sobre a crise da democracia — e seu possível destino — revisitar a vida de King à luz de suas contradições é exercício instigante, inspirador e, sobretudo, necessário.