Como se escreve romances?
Escrever, mesmo superficialmente, não há quem não reconheça, é muito difícil, pois o papel à frente, naquela brancura movediça, espelha o escriba que ousa domá-lo, ameaçando qualquer um que tenha o afoitamento de fazê-lo suportar sua fragmentação e deformidade, quiçá o arrojo de fazer nascer por meio dele sua própria criatura desfigurada. É preciso pedir para não se separar de si mesmo enquanto escreve, invocar a unidade entre a ação e a base na qual ela se move. Ser um com a escrita ao tempo em que se desapega dela e da própria história que agita a pena. Eliminando os obstáculos, Alice fez suas orações, respirou, quase sem cansaço, olhou para o abismo que, pela primeira vez, tinha um viço e um cheiro fresco em suas narinas e decidiu escrever, parir Joana, realizando o ato visceral de parir, com isso, uma narrativa que a desvela a si mesma.