Era o final da primeira quinzena de agosto do 12º ano da era Showa, o equivalente ao ano de 1937 pelo calendário cristão. O navio Naha Maru partia do porto de Naha, incrustado a sudoeste da ilha de Okinawa, a maior do arquipélago de Riyu-Kiyu, ao sul do Japão, no Oceano Pacífico.
Assim, inicia-se a história relatada no livro Kaná: da terra do sol nascente para a terra dos frutos de ouro.
Detalhista, a autora Kazuco Akamine conta a história de diferentes imigrantes japoneses que decidiram entrar em um navio acreditando na possibilidade de emprego nas fazendas cafeeiras e em dias melhores.
Vieram em busca das terras com infinitas espécies de frutas, muitas desconhecidas por eles, e da prosperidade relatada por parentes que embarcaram anteriormente, na mesma aventura. Mas, a história não era tão simples e alegre como parecia.
Muitas vezes, esquece-se o quanto os imigrantes sofreram nas mãos dos donos de terra do Brasil. As condições de trabalho não eram boas e o choque entre culturas era grande, principalmente em relação à alimentação.
Além disso, para conseguir chegar ao país, precisavam enfrentar uma longa viagem de navio – nesta parte da narrativa, é possível conhecer as histórias de outros personagens e suas motivações para vir à América.
A descrição não economiza palavras ao explicar o sofrimento dos imigrantes, mas transborda a resiliência do povo japonês.
Ao longo das páginas, o leitor terá país, eles encontram uma realidade muito diferente das cartas otimistas enviadas pelos parentes para Okinawa.