Esta obra propõe uma releitura do acesso à justiça de crianças e adolescentes, a partir do conceito de justiça integral, fundamentado na teoria dos quadrantes de Ken Wilber. A abordagem reconhece a complexidade multidimensional da existência humana, articulando dimensões subjetivas, intersubjetivas, objetivas e interobjetivas, para oferecer uma cartografia ampliada e integrada da justiça, superando reducionismos jurídico-formais. Embora a doutrina da proteção integral tenha representado um avanço histórico, ainda opera sob uma lógica adultocêntrica e unilateral. Assim, a obra propõe a justiça integral como um paradigma que une proteção e responsabilidade de forma indissociável, concebidas como fluxos interdependentes, simbolizados pela metáfora do Oroboro como expressão da integração cíclica e do eterno retorno. Os capítulos quatro e cinco oferecem um panorama sobre a concepção tradicional de responsabilidade e responsabilização, propondo a construção de uma teoria da resposta (responsum) e da responsabilidade (respondere). Essa formulação sustenta o sentido de construção de responsabilidade, culminando no reconhecimento da justiça integral como fenômeno que se realiza na prática e na coconstrução situada da vida, de forma relacional e estruturada. A justiça integral transcende o aparato judiciário, manifestando-se em todos os espaços onde crianças e adolescentes convivem, aprendem e constroem sentido, como sujeitos igualmente integrais e partícipes do pacto social.