Este livro propõe-se a analisar o livro V da Ethica Nicomachea (EN) de Aristóteles, especialmente a conceituação que o filósofo desenvolve para a virtude da justiça, com todos os seus desdobramentos. Com efeito, o livro V, dedicado com exclusividade por Aristóteles à investigação sobre o justo, denota a centralidade dessa virtude em particular para a filosofia moral do autor. Apesar de alguns comentadores terem se debruçado sobre a ideia de justiça em Aristóteles, trata-se de um tema por vezes negligenciado. Talvez isso se deva ao fato de o texto, de difícil compreensão, assemelhar-se mais a um compilado de ideias inacabadas, nem sempre postas harmonicamente, apresentando, por isso mesmo, diversos pontos controvertidos. Diante de tais dificuldades, o intuito do presente trabalho é destrinchar o significado da virtude da justiça para Aristóteles, seja a partir da leitura direta do livro V da EN, seja a partir da investigação bibliográfica das principais obras de literatura secundária, levantando-se, assim, além dos conceitos básicos inerentes à justiça, os principais pontos de obscuridade do texto aristotélico e também de disputa entre os estudiosos. Sempre que possível, foi realçada a herança platônica que pode ser notada nas ideias que Aristóteles engendrou especificamente sobre a virtude da justiça.