Jornalismo especista: textos e fragmentos de olhares sobre os animais não humanos na mídia é um livro fundamental para compreender como o nosso desrespeito e exploração para com os animais estão diretamente ligados a diversas falências que vivemos hoje nos planos moral, ético e ambiental. Transcender o preconceito especista é uma questão urgente. Não se trata apenas de inconsciência humana compactuar com a crueldade para com outros seres sencientes, trata-se também da nossa própria sobrevivência no planeta. O especismo é a porta de entrada a partir da qual desastres ambientais, como perda de biodiversidade e mudanças climáticas, têm lugar. Estamos completamente mergulhados nesta cultura de discriminação praticada pelos humanos contra as outras espécies animais, e o campo do jornalismo não é diferente. Mas, como argumenta Paula Brügger, o jornalismo pode fazer uma enorme diferença ao assumir seu papel educador e a sua responsabilidade quanto ao ato de informar. No caso aqui analisado, deve pautar suas matérias de acordo com o que a ciência diz a respeito dos animais, tanto os fatos que são unicamente do seu interesse quanto aqueles que se relacionam com a nossa sobrevivência global. Usando da mesma clareza e assertividade que caracterizam suas palestras e textos acadêmicos transdisciplinares, a autora contextualiza sua fundamentação teórica em diversos exemplos e instâncias que trazem reflexões de extrema importância. Convido à leitura deste trabalho pioneiro da professora Paula Brügger, que é também cofundadora da Anda, a primeira Agência de Notícias de Direitos Animais do mundo. Desde 2008, seus textos têm levado luz e um conhecimento absolutamente transformador dentro do jornalismo animalista.