É inevitável pensar a centralidade do futebol na construção de um torcedor, nos seus gostos, trejeitos, preferências e prazeres. E é exatamente por isso que é inevitável pensar que esse torcedor, o sujeito, que ali está formado, também é produto de uma lógica extremamente violenta dentro da qual homens heteros sempre enxergam a naturalidade. Inclusive porque é no futebol que percebemos as nossas principais sociabilidades, sobretudo porque é onde somos testados e testamos a masculinidade alheia, dos colegas de clube ou não. Evidente que a sociabilidade futebolística não está resumida a um discurso de violência simbólica e física masculina. O futebol é um campo muito rico de expressões populares e coletivas. Uma grande galáxia, repleta de sistemas de diversas escalas que expressam comunidades que se projetam a partir dos clubes. Mas, ainda que seja difícil e penoso, é preciso reconhecer que um dos combustíveis dessa "paixão", para uma boa parte desses "sistemas", tem como matériaprima a necessidade de rea¬rmação constante da nossa – frágil – masculinidade.