Na esteira de teorizações que buscam produzir um alargamento do campo pedagógico, entendendo que os processos culturais constituem também nossas maneiras de ser e de pensar, educando nosso olhar e compondo nossos repertórios representacionais, a presente dissertação dedica-se à análise de um evento contemporâneo, qual seja, os Jogos dos Povos Indígenas. O argumento central deste estudo, vinculado ao seu objetivo, salienta que este é um espaço híbrido, no qual se entrelaçam práticas provenientes de culturas e tradições diversas e no qual se constituem múltiplas representações sobre os povos indígenas. No livro, indaga-se particularmente sobre as mesclas e hibridações que podem ser observadas nesse território de práticas culturais, bem como sobre os significados produzidos quando os termos "indígena" e "jogo" são postos em relação. As análises permitiram identificar pedagogias culturais exercidas nas formas de divulgação e de realização deste evento, marcando-o pela sua positividade e colocando em destaque uma variedade de maneiras de ser e de pensar o jogo e o esporte por diferentes etnias indígenas. O caráter intercultural do evento se destaca nas negociações sobre modalidades esportivas, sobre os sentidos do "ser índio" e sobre temas que se vinculam ao evento em cada edição. O estudo possibilitou entender como se entrelaçam e se transformam os sentidos das práticas culturais indígenas e da cultura olímpica, configurando-se um processo de hibridação.