Homens e mulheres de todos os tempos – crentes e não crentes – temo-nos questionado a respeito de Jesus de Nazaré. Quem é esse homem, de origem humilde, pregador e curador infatigável e aclamado nas ignoradas aldeias da Galileia, alijadas do poder imperial de Roma e da pureza religiosa do povo de Israel? Por que um homem, executado por suas pretensões de ser "rei dos judeus", se converteu rapidamente no centro de um movimento religioso que marcaria o rumo espiritual e cultural do mundo ocidental? Por que um crucificado desperta tantas interrogações, inquietações e esperanças no coração do ser humano? Que razão existe para que a memória de um galileu sobreviva em tantos milhões de pessoas, de todas as condições econômicas, religiosas e sociais e ao longo de toda a história do cristianismo? Essa permanente busca pela identidade de Jesus de Nazaré é uma prova inequívoca da centralidade desta questão na cristologia. Ela nos conduz inevitavelmente à consideração do fato bíblico por excelência: a existência histórica de Jesus de Nazaré e a profissão de fé em Cristo, o Senhor. Fato e interpretação constituem inseparavelmente o fato bíblico por antonomásia. A história – o Jesus que viveu na Palestina e morreu em uma cruz – fica muda sem a interpretação, e a interpretação – a fé no Ressuscitado – sem a história, fica oca e vazia. (Da obra)