Dos quatro cantos do Vale do Jequitinhonha, cinco cantos se apresentam. Cinco poetas cantam nas páginas de "Jequitinhonha – Antologia Poética" a cumplicidade que o amor reserva aos arautos do seu tempo. A terra envolvendo os poemas em mantos de sonho. A palavra mantendo seu vínculo ancestral com o destino obscuro das coisas do mundo. Sobretudo, mudá-las. O pacto do poeta. De Almenara, Gonzaga Medeiros revela a luta anunciada na voz de mãos firmes e largo coração. De São Pedro do Jequitinhonha, José Machado transborda o rio da esperança no escaler do lirismo. Wesley Pioest observa Rubim, debruçado na atmosfera enevoada da memória. De Itaobim, Jansen Chaves e Tadeu Martins desembaraçam um portentoso cordel de aventuras na paisagem interiorana, que salta das telas de Marina Jardim – de Rubim – com seu sol escaldante e suas memórias felizes, de danças, folguedos, festas e brinquedos, e emoldura a cultura popular com suas cores fortes, seus vermelhos e amarelos eternos. Entende-se "Jequitinhonha – Antologia Poética" como se do livro emergisse o Vale, naufragado no escuro esquecimento da miséria. Entende-se o canto obstinado dos poetas de uma terra afligida em dores. Como se essas dores fossem um parto: o parto da poesia. Parto de um livro. Parto da resistência digna de homens que vivem a sonhar continuamente seu tempo.