O que ressoa entre Félix Guattari, Duke Ellington, Thelonious Monk e Cecil Taylor? Quais são as tramas que unem estes músicos, filósofos, pensadores?
Em Jazz e política da existência: a música de Félix Guattari, Vladimir Moreira Lima aborda as principais noções do militante político e psicanalista francês Félix Guattari (1930-1992), apresentando seu pensamento a partir de um questionamento – como funciona um ato de criação em política? E mais, o que se torna a política se pensada como uma práxis de criação existencial e não de gestão ou administração do que existe?
Para tratar desta nova maneira de pensar politicamente e de pensar a política, a ideia do autor consiste em colocar a política ao redor da música. Segundo o próprio Guattari:
"O problema é realmente musical, tecnicamente musical, o que o torna aí tanto mais político"
No entanto, Guattari não está falando de qualquer música, mas do universo do jazz. Universo que permitiu a realização de uma série de exercícios, ao mesmo tempo, especulativos e pragmáticos.
Partindo da técnica de três grandes pianistas, ou melhor, três grandes pensadores – Duke Ellington, Thelonious Monk e Cecil Taylor –, Vladimir Moreira Lima, em sua obra, coloca a questão, em consonância com o pensamento de Guattari:
E se a política pudesse ser concebida como um tema da música da existência? E se as invenções guattarianas, como a esquizoanálise, por exemplo, pudessem ser pensadas como improvisações desse tema?
O paradigma estético do pensador francês aparece em Jazz e política da existência: a música de Félix Guattari como a retomada deste tema para reafirmar e relançar em direção ao futuro a aposta na conexão entre política, resistência e criação de outros modos de existência mais dignos de serem vividos.