A obra reflete sobre os conflitos da internação compulsória ou involuntária dos dependentes de crack no debate profissional do Serviço Social, compreendendo a dependência química como um fenômeno social historicamente determinado, mediado por diferentes expressões da questão social. O livro é fruto de uma pesquisa documental, organizada por documentos nacionais que abordam a internação de usuários de drogas e o enfrentamento da chamada epidemia de crack. Os resultados evidenciaram: a) a natureza neoconservadora das medidas asilares e punitivas da internação involuntária, que se torna compulsória e põe em risco a autonomia dos cidadãos usuários e dependentes de drogas; b) a internação compulsória e involuntária e suas variantes no programa de assistência à saúde mental resgatam práticas excludentes de modelo asilar e estigmatizante no tratamento dos usuários de drogas; c) no Estado capitalista neoliberal, a internação compulsória vem sendo reutilizada como instrumento de "assepsia urbana" e de punição dos usuários pobres; d) a implantação da internação compulsória no modelo de atenção à saúde mental nega o conceito ampliado de saúde manifesto nos Projetos de Reforma Sanitária e Reforma Psiquiátrica. A efetivação dessa medida punitiva representa um obstáculo às práticas emancipatórias defendidas pela parcela de profissionais críticos do campo da saúde e pode fomentar o desenvolvimento de práticas neoconservadoras.