As provocações de Insurgência e descolonialização analética da América Latina não sucumbem diante de relações marcadas pela colonialidade. Pelo contrário, descerra-se um horizonte de "coisas novas", pois, no solo sagrado e concreto da Ameríndia, de tantas resistências, insurgem-se contraposições, movimentos contra-hegemônicos críticos e utópicos atados a um processo latino-americano de uma cepa originária de pensamento e práxis libertárias. A insurgência combate, entre outras tantas camadas da colonialidade, a dominação dos saberes, e coloca-se na "linha de frente" do enfrentamento epistemológico imantada pela criatividade inesgotável dos povos da América Latina. A produção de um pensamento crítico-propositivo insurgente passa pela crítica ao irracionalismo do sistema e às profundas causas da vitimação dos povos colonizados, em processo dialético de libertação. A concretização de outra práxis, que reconheça o Outro a partir de sua presentação, materializa-se na negação da superioridade eurocêntrica e afirmação de uma nova eticidade, a saber, numa Ética da Libertação fundada na criticidade. Trata-se, então, de desconstruir efetivamente a dominação imposta e reconstruir, a partir da descoberta de vítimas, agora como protagonistas da transformação.