O ensino profissional na Primeira República brasileira resumiu-se ao modelo concretizado nas Escolas de Aprendizes e Artíces. Elas foram criadas com o objetivo explícito de atender aos “desfavorecidos da fortuna”. No entanto, seu funcionamento se deu de outra maneira. Cabe-nos portanto, indagar como essa escola atendeu a esse público? E ainda se foi ele, realmente, o alvo de seu ensino?No caso particular da Escola de Aprendizes Artífices de Goiás a sua atuação, durante trinta anos na Cidade de Goiás, foi ignorada pelo discurso da modernidade que instaurou-se após 1930. Talvez por esse motivo, a história da educação em Goiás, praticamente ignora sua existência e manteve um silêncio sobre sua presença naquela cidade. Por isso, uma de nossas preocupações neste trabalho foi responder as indagações apresentadas anteriormente. E também compreender como esse modelo de escola se articulou com o modelo de educação proposto pela República velha.
O período enfocado, neste texto, (1910-1964) é de destacada importância e significação para desvendar as origens do ensino profissional e sua evolução no Brasil, a partir de políticas públicas voltadas para a construção do arcabouço de uma moderna sociedade do trabalho. O ano de 1910 é o ano em que foi inaugurada a Escola de Aprendizes e Artífices de Goiás e o ano de 1964 é tomado como o fim de um ciclo, pois a partir dele o ensino técnico passa por profundas mudanças que se refletem na organização e nas práticas das Escolas Técnicas Federais, que sucederam as Escolas de Aprendizes Artífices.
Procuramos, também, compreender a racionalidade que subsidiou os discursos que justificaram a criação das Escolas de aprendizes e Artífices na chamada Primeira República. Para tal, levantamos o papel que essa racionalidade exerceu na definição dos discursos que tomavam a educação como tema. Procuramos, ainda, identificar como o discurso da modernidade vai definir o fim das Escolas de Aprendizes e Artífices e ao mesmo tempo justificar a criação das Escolas Técnicas Federais.