A Higiene surge à frente das cortinas sob aplausos. A HIGIENE, para o público.Vivemos em tempos comprimidos, numa constante luta por lugares para viver, adoecer e morrer. Neste mundo de febre intermitente, não há mais sentido para a manutenção de espaços ociosos como bibliotecas, praças, museus e salas de aula. Trazemos a patologia empreendedora. Nesta antiga sala de aula, por exemplo, foram abertos novos leitos para que possam ser atraídas novas epidemias. Na constante emergência, na qual farmácias e postos de saúde já não suprem a hipocondria coletiva, tivemos de nos antecipar para atrair o mal futuro. Ninguém precisa mais esperar para ficar doente. Somos a enfermidade agendada, a baixa hospitalar voluntária e a automedicação. Já temos a tosse para o vírus de amanhã. Entendemos que a moléstia é um direito cada vez mais urgente de cada cidadão e que a dor instantânea requer hospitais instantâneos. Nossa política é a da inclusão sem burocracia. Há catarro e mosquitos para todos, porque todo diagnóstico deve antecipar o sintoma. E, para que cada um possa aproveitar ao máximo, sendo a mosca que divide a ferida e esfrega as mãos, contamos também com um aquário e uma máquina de café expresso. Por fim, como representante da Saúde Pública, só me resta anunciar a abertura do que há de mais moderno em termos de espaço epidêmico propositivo: o Hospital-Bazar!