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Histórias românticas na Corte do Brasil Imperial

Histórias românticas na Corte do Brasil Imperial

Sinopse

O objetivo é refletir sobre a historicidade da visão de mundo e do imaginário românticos no romance urbano de Alencar e sobre o processo de constituição de suas representações, atentando para as concepções de amor, sociedade, natureza, religiosidade, masculinidade e feminilidade. Haja vista a presença persistente e obsessiva do amor nas sociedades atuais, sua frequência e seus deslocamentos nos bens simbólicos difundidos nos meios de comunicação, bem como considerando que a História parte das questões do presente rumo ao passado, o estudo volta-se aos primórdios da produção cultural literária brasileira, sob a égide romântica e da imprensa periódica, para perceber como aí se constituía essa temática. Porém, percebendo que compreender a noção de amor romântico demanda pensá-la num contexto mais amplo, ampliou-se o olhar para lidar com a visão de mundo e imaginário românticos. Pensando a visão de mundo como um conjunto de aspirações, sentimentos e ideias que reúne pessoas num mesmo grupo e as opõe a outros, e o imaginário como as variadas representações e imagens elaboradas sobre as práticas culturais, as quais expressam um modo peculiar de olhar a existência, investigam-se tais representações nos romances Cinco Minutos, A Viuvinha, A Pata da Gazela, Sonhos d'Ouro, Encarnação, Lucíola, Diva e Senhora, além de textos autobiográficos, políticos e ensaios críticos. Numa abordagem interpretativa do romantismo como fato histórico, social, cultural e estético, reconstroem-se as condições históricas nas quais se inseriam Alencar e seus escritos; a figura de Alencar como produtor das representações investigadas; as condições de criação e difusão destas mescladas à feição da cidade, dos meios culturais e dos circuitos de produção, difusão e recepção do imaginário romântico; as questões estéticas, preocupações e objetivos de sua escritura; seu percurso e sua atuação literária e intersecções com a política; as imagens que compunham sua forma de ver o mundo e seu imaginário, pois parte-se da hipótese de que estas são uma oposição a algumas dimensões do mundo capitalista e informavam a respeito do processo sociocultural de formação da subjetividade dos indivíduos numa sociedade em transformação. Nessas imagens, trata-se das ideias de amor e morte como formas de transcendência das tensões do indivíduo com a sociedade nefasta; da relação entre a sociedade e as práticas amorosas consideradas como doenças mentais e anomalias, como a idolatria, a obsessão e o fetiche; da relação entre sociedade/cidade e natureza na formação do indivíduo, sendo as primeiras vistas de forma negativa; da aproximação entre natureza e nação para construir uma imagem do lugar e do país; da mercantilização do corpo feminino com a prostituição; e da venda do homem corrompido moralmente no mercado matrimonial.