Existem sogras, sogras e sogras. Não naquele sentido que se usa ironicamente repetindo o mesmo substantivo para dizer que existem coisas ou pessoas de um tipo "bom" e outras do tipo "mau", ou ruim, se quiserem, mas no sentido de que existem diversos tipos de sogra, todos os tipos que se possa imaginar, as boas, as más, as ruins, a tolerantes, as toleráveis, as maldosas, as "santas", as amigas, as amigas que seria melhor se fossem inimigas e as inimigas mesmo. Mas a minha não era de nenhum desses tipos. Ela era... vejamos, é difícil encontrar um termo ou expressão que a defina. Talvez o mais adequado seja "pitoresca". Isso mesmo, e no sentido que traz o dicionário: que é original de modo gracioso, envolvente, fascinante; se bem que de vez em quando despertava o desejo de esganá-la, ou pelo menos de lhe dar umas palmadas. E às vezes, incrivelmente, suscitava a vontade de beijá-la, se bem que ela detestava beijos e abraços. Preferia cumprimentos menos calorosos, mas se adaptava e aceitava a famosa afabilidade brasileira, desde que sem exageros. Este livro conta, sem ordem cronológica ou qualquer outra, algumas peripécias dessa pessoa cativante que era minha sogra. Apenas narra algumas histórias verdadeiras, mas um pouquinho romanceadas, que aconteceram ao longo de alguns anos e é uma espécie de homenagem a alguém cuja existência ao mesmo tempo irritou, divertiu e emocionou muitas pessoas e contribuiu para tornar a vida dessas pessoas, inclusive a minha, um pouco mais interessante. Este livro é uma homenagem à minha sogra.