Em 1985 Ana montou seu próprio negócio, um comércio, e a inflação no Brasil era de 235%. Estava com pouco dinheiro e ia contra a opinião da família e dos amigos — contra um país inteiro, porque tudo era contra.
Os dias de Ana passaram a levar 25 horas; ela passou a viver os dramas e os desabafos de suas clientes, que sempre envolviam sexo, malandragem, violência e superação, trazendo aventuras às vezes horripilantes a sua vida. E tinha guerra de boleto e cheques pré-datados, e dívidas de cheque especial. Às vezes tinha que escolher, desistir, trabalhar e trabalhar ou se vender em troca de facilidades ou dinheiro, além de aceitar os assédios numa época em que ainda reinava o domínio machista ou enfrentar tudo com imaginação, deboche, mentiras, misticismo, fé e luta para manter a pose.