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Sinopse

Publicado originalmente em 2006, Histórias de conceitos é o último livro que o historiador alemão Reinhart Koselleck elaborou em vida, ainda que o seu falecimento nesse mesmo ano não lhe tenha permitido concluir a preparação do volume, cuja introdução ficou inacabada.

O livro reúne ensaios publicados ao longo de quase trinta anos (entre 1976 e 2005) e registra o intenso engajamento de Koselleck com a teoria e a prática da história dos conceitos. Com base na seleção e no arranjo dos textos, bem como nos fragmentos remanescentes do que seria a introdução, pode-se inferir que ele concebeu esta coletânea como repositório das suas concepções teóricas e como uma síntese das suas condutas metódicas. 

Em muitos dos textos, Koselleck revisita o problema dos fundamentos da história dos conceitos, frequentemente com a atenção voltada para as críticas que no meio do caminho eram endereçadas aos seus trabalhos individuais e, sobretudo, à concepção e execução do ambicioso projeto do dicionário Conceitos históricos fundamentais. Léxico histórico da linguagem político-social na Alemanha – obra de referência para a semântica histórica contemporânea, publicada em oito volumes entre 1972 e 1997, da qual ele foi o principal idealizador e organizador. 

Koselleck defende e desenvolve as suas posições, como sempre, com hábeis argumentos: mobiliza e refina a sua teoria da historiografia, torna a demarcar as diferenças entre a tradicional história das ideias e a história dos conceitos, reforça as complementaridades e as tensões entre esta última e a história social. Além disso, relativiza as diferenças entre a sua abordagem e as que são características da análise do discurso. 

O livro, porém, oferece ao leitor mais do que uma sólida defesa de uma dada concepção teórica e metodológica. Ele também reúne diversos ensaios que constituem exercícios exemplares da prática da história dos conceitos. Bildung, progresso, emancipação, crise, revolução, utopia, inimigo, sociedade civil são alguns dos conceitos explorados por meio da escrita densa, erudita e concentrada que caracteri­zava o historiador.
 
Em Histórias de conceitos, o autor, uma vez mais, dá mostras de um talento singular para desenvolver argumentos que se abrem em diferentes direções e para entrelaçar de modo inseparável a reflexão teórica e a análise histórica. Impressionam a complexidade e a sofisticação das ideias que se condensam no reduzido espaço de um artigo, de um breve ensaio, de uma conferência ou mesmo de uma en­trada de dicionário, o que só reafirma a excelência de Koselleck – nas palavras certeiras de Reinhard Mehring – como um “mestre da pequena forma”.
 
Arthur Alfaix Assis
Bernardo Ferreira"