Este livro procura analisar as disputas interestatais relacionadas aos processos históricos e contemporâneos de determinação de uma moeda como a de referência internacional. Interessam-nos tanto as lutas atuais de desdolarização, quanto as trajetórias de internacionalização das moedas que conseguiram se expandir para além de seus espaços político-territoriais de origem, cujos casos mais importantes foram: a libra esterlina inglesa e o dólar estadunidense. Não estaria errado afirmar que a presente pesquisa retoma a discussão iniciada no livro "Poder, Riqueza e Moeda na Europa Medieval", publicado em 2014. Se, naquele livro, o mergulho nas dinâmicas sociais próprias do Medievo permitiu entender tanto a centralidade da moeda na sociogênese dos estados territoriais europeus, quanto a natureza dos primeiros processos de alargamento de territórios monetários, retoma-se neste livro o tema do poder e da moeda, porém com foco nos processos mais bem-sucedidos de globalização de moedas nacionais, antes de chegar às disputas monetárias contemporâneas. O livro também se debruça sobre as recentes iniciativas brasileiras no campo da diplomacia monetária, sobretudo ao longo dos anos em que o Brasil foi governado pelo Partido dos Trabalhadores. Trata-se de uma agenda de pesquisa cujo escopo se situa na interface entre história, geopolítica, política externa e economia monetária, exigindo um olhar interdisciplinar não muito usual e, decerto, desafiador.