Escritos entre 2002 e 2020, os pequenos poemas reunidos em high-kais transitam entre a forma mais tradicional do haicai em sua versão abrasileirada (que se aclimatou no país no início do século passado) e uma maior liberdade formal e de temas que muito deve às leituras de haicais de Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Alice Ruiz S e José Paulo Paes, autores que muito contribuíram, juntamente com inúmeros outros, para difundir entre nós o pequeno poema japonês de dezessete sílabas.
Quer se aproximem ou se afastem do haicai, estes 80 poemas são um convite ao exercício do olhar, que consiste em obervar atentamente não apenas o espaço onde nos movemos diariamente (marcado pelas transformações humanas), mas também o tempo e nossa própria relação com o mundo. Mas nossa experiência, por ser mediada pela linguagem, faz saltar ainda as memórias de nossas leituras, fragmentos luminosos ou apenas evocações que pulsam de tempos em tempos e nos ajudam a definir quem somos. Por isso, além das seções "Espaço", "Tempo" e "Eus & Outros", há uma seção totalmente dedicada a referências literárias e a jogos com a linguagem, que traduzem, ainda, a busca por uma síntese, "um verso/que reunisse todo/o universo."