Historicamente, consolida-se, na Amazônia, um modelo de desenvolvimento pautado na modernização paradoxal e forçada com o intuito de atrair para a região os agentes e conglomerados econômicos. Atualmente a instalação de empreendimentos Hidrelétricos, os quais caracterizaram reivindicações e conflitos, principalmente devido às implicações e os problemas gerados às populações locais e ao ambiente. Os empreendimentos hidrelétricos são entendidos como medida de favorecimento à expansão capitalista, acarretando implicações na formação sócio espacial, sobretudo, provocando a reorganização deste território, com consequências irreversíveis às áreas de influência dessas grandes obras. As transformações que estas grandes obras trazem aos locais onde são implantadas promovem o estranhamento entre os diversos interesses que estão em jogo no território, esquadrinhando espaços de conflitos, choque de culturas e de interesses pelo poder, provocado pela sobreposição de grupos econômicos exógenos em relação aos hábitos, costumes e perspectivas dos sujeitos locais. A concepção desta obra está no entendimento de que o território amazônico é cada vez mais apropriado a favor do capital, de modo a ignorar o espaço vivido das comunidades locais, dando novas funcionalidades deste terriório para acumulação capitalista. Na perspectiva de fazer leitura específica sobre as "Hidrelétricas na Amazônia", os organizadores deste livro, provocaram seus pares a realizarem as interpretações acerca das implicações na reestruturação do espaço e nas políticas que influenciam na intensidade da interferência e na escala da interferência afetados por empreendimentos hidrelétricos. Como resultados dessas interpretações, apresenta-se, ao leitor, essa coletânea de artigos que possibilita conhecer/reconhecer as implicações geradas nas áreas de influência das hidrelétricas no rio Madeira e no rio Xingu. De modo a demonstrar as consequências da expansão da fronteira elétrica na Amazônia; a luta pelos usos dos recursos naturais, consequências e causas do desenvolvimento geográfico desigual promovido por essas grandes obras de infraestrutura; bem como os processos de desterritorialização e os crimes ambientais promovidos pela especulação e implementação das hidrelétricas na região. O objetivo deste livro não foi esgotar os temas que perpassam a implementação das hidrelétricas na Amazônia, mas sim, socializar e provocar o pensar sobre os inúmeros problemas que essas grandes obras provocam no território.