Delírio de Poeta Há uma excessiva intenção do poeta de se auto-explicar, uma tolice vulgar, a meu ver, coisa de poeta imaturo. Não há nenhuma profundidade neste pensamento, querer se colocar em um pedestal, em um lugar superior entre os mortais. O que existe de fato na alma do poeta, quando este se entende como mero pintor da natureza humana já formatada pelos séculos, é uma intensa insatisfação, um querer se eternizar em um universo plural de tantos versos naturais. Toda esta vaidade brutal, como em todo ser vivente que carrega em seu instinto o desejo de gozar a eternidade evolutiva, se esvairá para o éter supremo do abismo, onde toda matéria se equipara, para criar outra ilusão, a da ressurreição do intelecto, outro delírio de poeta embriagado.