Há heróis saídos de poemas épicos gregos. Heróis mascarados que combatem o crime usando uniformes de lycra. Heróis que conquistam o mundo fantástico com uma cicatriz na testa e uma varinha na mão. Mas há também os heróis urbanos que vagam invisíveis pelas metrópoles, resolvendo e criando problemas com seus reles poderes humanos.
São assim, desprovidos de capas e codinomes marcantes, os personagens de Heróis urbanos que ganham vida em contos de linguagem nua e crua, evocando todo o rigor das cidades. São múltiplos e anônimos, alguns de moralidade tão cinza quanto prédio de concreto, outros puros salvadores. Uma cabelereira que lida com o surgimento de um serial killer na favela; uma garota precoce que gerencia um comércio inusitado na escola; um pai de santo que não deixa o destino nas mãos dos orixás; um pária social que se reinventa a partir de boatos de sua bravura.
Esses protagonistas de Heróis urbanos, coletânea assinada por jovens e veteranos da ficção brasileira, colocam em xeque o bom e o mau, o certo e o errado, o heroísmo e a vilania. Unem o lúdico ao concreto, desconstruindo o arquétipo do herói tão presente na cultura pop. Em seu lugar, oferecem personagens cheios de dimensão e de fácil identificação. Não importa se eles são os heróis que o povo precisa ou merece; são os heróis que existem. Ou não.