Em uma cidade ferida pela guerra, três crianças órfãs — Leila, Amir e Yuri — encontram uma casa intacta por dentro, onde o tempo guardou filmes, revistas, livros e uma lanterna mágica. Ali nasce a Sala Nove, um refúgio que vira escola, cinema, parque, correio de gentilezas e posto de reparos. Com um braço a menos, uma perna a menos e pouca visão, eles não esperam milagres: criam métodos. Acendem ritos simples — leitura pública, varal de histórias, horta em latas, a "Estação do Perdão de Dentro" — e convocam o bairro a fazer o impossível cotidiano: cuidar. Enquanto o rádio sussurra notícias em estilhaços, a casa aprende a responder com pão repartido, silêncio treinado e palavras que cabem na mão. Aos poucos, vizinhos, crianças e até um soldado cansado atravessam o limiar: heróis de papel que não rasgam, dobram-se para caber mais gente. A paz não aparece como espetáculo — repete-se como hábito. E quando o barulho lá fora aumenta, a Sala Nove amplia por dentro: "se você tem paz, trabalhe por dois". Heróis de Papel — Ponte sobre dias barulhentos é um romance infantojuvenil de realismo poético que oferece um soco social e um abraço: uma história sobre pertença, reparo e imaginação coletiva — um manual de coisas difíceis e possíveis para quem decide começar um mundo sem guerras a partir da própria rua.