Há 125 anos o pintor holandês Vincent van Gogh chegava a Arles, no sul da França, em busca de inspiração para criar seus quadros; que somente muito além do tempo em que viveu fariam o sucesso qual conhecemos hoje. Em 2001, em pleno século 21, Otto van Gogh, sobrinho-neto distante de Vincent, completaria 30 anos e como presente a si próprio se daria uma aventura igual à do "Tio Vincent". Não para pintar quadros, mas para escrever um romance "demolidor". Otto é brasileiro. E o lugar escolhido foi Petrópolis, no alto da serra fluminense. Demitiu-se do emprego na cidade grande e na cidade edificada pelo imperador dom Pedro II viveu momentos que poderiam lembrar aos de seu antepassado. O que herdara dele: a loucura, a genialidade, ou os dois? Esse é o tema colocado à prova a todo instante nessa narrativa contemporânea, bem humorada e cravejada de mistérios e incertezas. Heranças do Tio Vincent é o primeiro romance do redator publicitário paulista Antonie Nyenhuis, filho de holandês e fã do tio-avô de seu personagem. Da vida e da obra dele. Aliás, em 2013 Van Gogh faria 160 anos data oportuna para o livro. O autor empresta um pouco (às vezes bastante) da experiência in loco em Petrópolis para alimentar a trajetória de Otto e dar a ela o frescor do primeiro olhar, de quem está vivendo sensações novas no instante em que acontecem. Não por acaso, o livro acaba sendo também um relato curioso sobre a chamada "vida de escritor" e sua solidão às vezes desesperadora. Se vai fazer sucesso igual "ou maior" aos quadros de Vincent, que pelo menos seja em vida, concordam os dois "personagens" que se misturam nessa aventura insólita: Otto e Antonie. Só o tempo vai dizer.