A presente obra busca explicar de que maneira é possível obter aprimoramento no desempenho da leitura musical na perspectiva do piano-colaborativo através da regulação da capacidade de atenção por meio da aquisição de automatismo enquanto recurso cognitivo-motor. Concernente à capacidade de atenção, são explicadas as faculdades psíquicas com as quais converge durante as operações presentes no ato de leitura musical, bem como seus atributos enquanto fonte limitada de recursos, e possíveis modos de sua aplicação na leitura de determinadas peças do repertório piano-vocal/instrumental. A noção de automatismo é tratada enquanto hábito, reflexo-motor condicionado, e enquanto resultado de processos analíticos reflexivos através dos quais se constitui em princípio ordenador do aglutinamento de unidades menores em um todo coeso. A otimização dos recursos atencionais refletida na possibilidade de se desempenhar partes da tarefa de leitura musical sem emprego integral e constante da capacidade de atenção é transmitida ao aparato físico-motor do pianista que passa a conformar movimentos discretos executados por alavancas de menor envergadura, em movimentos maiores, abrangidos por alavancas de maior envergadura. Torna-se evidente, com isso, que o automatismo enquanto fator regulador da capacidade de atenção é também causa eficiente de sua disponibilização a aspectos interpretativos do significado expressivo contido no discurso musical particular de cada obra.