Enquanto os alunos de uma escola pública estudam em uma sala de aula recém-reformada, com piso de madeira, paredes pintadas e ambiente limpo, uma rede elétrica prestes a romper e incendiar o local assombra silenciosamente a atmosfera dedicada ao saber. A verba pública, que antes seria para reparar a rede elétrica, foi deslocada, por solicitação da gestora, para o reparo do piso das salas de aula, que por ter sido construído com material frio, provocava enfermidades aos alunos que frequentemente se ausentavam das aulas por problemas respiratórios. Agora isso não ocorre mais, porém o fantasma da fiação elétrica assombra as noites de sono dessa gestora. Só havia verba para uma ação, só havia uma opção, era preciso decidir rápido antes que a verba vo ltasse sem que nada tivesse sido realizado.
Para desvendar o que está por trás dessa escolha, este livro provoca o pensamento reflexivo dessa gestora pública e do leitor, confrontando-os com as questões que envolvem o gasto da verba pública educacional e as possíveis situações de corrupção que podem ocorrer, que além das questões burocráticas e legais, envolvem certo "querer bem" educacional e um amadorismo perigoso que mascaram as situações e as fazem parecer mais atos de bondade do que de corrupção.
Utilizando elementos do dia a dia escolar, combinados com estudos científicos realizados pela autora por ocasião de seu doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2015), com descobertas surpreendentes no campo do financiamento público educacional, este livro promete tirarfôlego do leitor com fatos reais da cena financeira, revelando uma desconcertante realidade presente no interior da escola pública brasileira.